Francis Schaeffer irá agora começar a demonstrar como a Natureza devorou a Graça a partir da Renascença.
A idéia seria mais ou menos o seguinte: inicialmente os povos bárbaros europeus não conheciam nada da Graça Divina, após sua cristianização e o domínio da Igreja Católica Romana eles permaneceram sobre o controle das autoridades eclesiásticas, então todo elemento “contrário” à Graça, ou até mesmo suspeito, era banido, condenado e “queimado em praça pública”. Até que a renascença deu um basta a isso!
Mas será que a renascença voi assim tão determinante nisso tudo? E essa briga entre "natureza" X "graça" só teve início tão tarde no século XV?
Podemos ver que antes de Constantino declarar o cristianismo como religião oficial, a Natureza já “devorava” literalmente a Graça, não nas artes ou filosofia, mas nas arenas e nos circos.
Após o cristianismo tornar-se religião oficial por volta dos séculos III e IV e daí por diante, o que veremos é a “natureza” e a “graça” começarem a conviver juntas na sociedade. Muitos cristãos, logo reagiram e decidiram sair do convívio pernicioso com aquele cristianismo light, e foram para o deserto, onde se deu início ao movimento Monástico. Que marcou a igreja por séculos e tem grande influência ainda hoje.
O Engraçado disso tudo
Quando penso no Brasil de hoje, onde os crentes já não são mais como eram antigamente, quando penso no pietismo, no puritanismo, ou num fundamentalismo americano onde existe uma lista de faça e não faça, quando penso na Europa liberal, me pergunto se as raízes de nossos problemas não continuam sendo as mesmas vividas por aquela gente do passado tão remoto? E se a melhor expressão desse conflito não se resumiria no medo dos extremos “graça barata” x “legalismo”?
Mais uma vez vivemos e repetimos a história. Se voltarmos ainda mais no tempo, às origens, ao útero do cristianismo, veremos que esse conflito é personificado em dois estilos de vida, em dois homens. Veremos que ele existe muito mais na cabeça dos não crentes do que no coração dos filhos da sabedoria.
"Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos". Mt 11: 18-19
Fig.Andrea del Verrocchio and Leonardo da Vinci. The Baptism of Christ. Detail, beleived to be painted by Leonardo. c.1472-1475. Oil and tempera on wood. Uffizi Gallery, Florence, Italy.