"Ao invés de situarem todos os motivos da arte acima da linha divisória entre a natureza e a graça na maneira simbólica do Bizantino, Cimabue e Giotto começaram a pintar as coisas da natureza como natureza. Neste período de transição a mudança não ocorreu toda de uma vez. Havia, por isso, a tendência, a princípio, de se pintarem os elementos de menos importância no quadro de forma naturalista, continuando, porém a se representar Maria, por exemplo como um Símbolo."
A princípio a tese de Schaeffer me parece bem suspeita, por duas razões.
1) Fica difícil pegar toda a expressão artística antes do século XIV e falar que ela não retratava a natureza. Será que ele estaria só se referindo às obras relativas à cristandade? Fica faltando então referências anteriores. Todavia as que pude observar parecem contradizer a regra de a natureza não era retratada.
Por exemplo neste mosaico do III século a natureza aparece de forma bem visível e evidente.
2) O que FS quer dizer com “símbolo”? Se vejo mosaicos com Jesus ou Maria ou pinturas das Catacumbas de Jesus com um cordeiro ou da santa ceia, não posso logo concluir que sejam símbolos.
Tudo me parece mais uma questão de técnica, recursos do que uma influência de um homem autônomo, ou de um São Tomás de Aquino.
O que então FS estava observando e querendo dizer?
Contexto
Nos séculos VIII e IX, o mundo bizantino foi dilacerado pela questão iconoclasta, uma controvérsia sobre o uso de pinturas ou entalhes na vida religiosa. Toda representação humana que fosse realista poderia ser considerada uma violação ao mandamento de não adorar imagens esculpidas. O imperador Leão III proibiu qualquer imagem em forma humana de Cristo, da Virgem, santos ou anjos. Como resultado, vários artistas bizantinos migraram para o Ocidente. Em 843, a lei foi revogada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário