quarta-feira, 11 de março de 2009

O Salto

image “Abraão não tem saída a não ser pelo salto do ético ao religioso. Em outros termos, Abraão deve saltar para a fé, aceitando o absurdo da exigência divina e concordando com uma suspensão do ético, em favor do religioso. Em tais situações críticas, a escolha que o indivíduo sente-se obrigado a fazer independe de quaisquer critérios racionais, isto é, as regras gerais e universais não podem ajudá-lo. Apesar disso, segundo Kierkegaard, existem algumas experiências, à margem do ético e do religioso, que podem servir de indicação, uma delas é o desespero, outra é a ansiedade.”

vida e obra de Kierkegaard em Os Pensadores

Pensando no salto de Kierkegaard e nos meus próprios saltos que a vida me obrigou a dar e considerando ainda o último comentário da Márcia, sou levado a crer que boa parte da parafernália evangélica está montada, de fato, para forçar um salto ao inverso: fazer que por meio do desespero ou da ansiedade “o crente” pule do religioso de volta ao ético. É um salto de contra fé. É a produção em série e em massa de bons fariseus e péssimos cristãos (se é que se pode ainda assim ser denominados). Desse mal, pelo menos, os chamados “cristãos nominais” estão protegidos.

Um comentário:

Tatá disse...

Roger,

Às vezes paro para pensar no porque da mudança de rumo de pessoas que se converteram ao cristianismo, e é bem como você escreveu, falta de fé.

Até parece que todo mundo está esperando um pacote fechado cheio de mágicas sem ter que fazer absolutamente nada para alcançar qualquer objetivo.

Realmente, é uma pobreza de espírito.

Um forte abraço.