“Assim, ainda que a revolta, como bem mostrou A. Camus, seja uma aspiração à liberdade, o que lhe confere nobreza e caráter humano não é a liberdade. Pode-se ser escravo da revolta, seja ela aberta ou surda, expressa ou reprimida. A psicologia há de fazer passar da revolta escondida à revolta vivencial, o que já é por si mesmo mais sadio e mais autêntico. Só a experiência espiritual pode libertar da falsa submissão e da rebeldia, pela tomada de consciência de nossas próprias responsabilidades.” Paul Tournier
quinta-feira, 26 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
Onde está afinal o absurdo?
“De Kierkegaard procedem duas extensões – o existencialismo secular e o existencialismo religioso. O existencialismo secular se divide em três correntes principais representadas por: Jean-Paul Sartre (nascido em 1905) e Camus (1913-1960) na França, Jaspers (nascido em 1883) na Suíça, Heidegger (nascido em 1889) na Alemanha.
Em primeiro lugar, Jean-Paul Sartre. Racionalmente, o universo é absurdo e o homem deve buscar autenticar-se a si mesmo. Como? Mediante um ato da vontade. Assim, se você estiver andando de carro pela rua e avistar alguém na calçada sob forte chuva, você para o carro, apanha a pessoa e lhe dá uma carona. É absurdo. Que importa? A pessoa nada é, mas você se autenticou mediante um ato da vontade. A dificuldade, entretanto, é que a autenticação não tem conteúdo racional ou lógico – todas as direções de um ato da vontade são iguais. Portanto, de maneira semelhante, se você está dirigindo numa rua e avista o homem na chuva, e acelera o carro e o atropela, você autenticou sua vontade, na mesma medida. Entendeu? Assim, pranteie pelo homem moderno posto em situação tão desesperançosa.” F.S.
Será que todos nossos atos seriam assim tão racionais como FS supõe? Será que as nossas racionalidades não seriam, muitas das vezes, meros artifícios para justificarem nossas próprias vontades? Temo que Sartre esteja correto e Schaeffer, errado.
quarta-feira, 11 de março de 2009
O Salto
“Abraão não tem saída a não ser pelo salto do ético ao religioso. Em outros termos, Abraão deve saltar para a fé, aceitando o absurdo da exigência divina e concordando com uma suspensão do ético, em favor do religioso. Em tais situações críticas, a escolha que o indivíduo sente-se obrigado a fazer independe de quaisquer critérios racionais, isto é, as regras gerais e universais não podem ajudá-lo. Apesar disso, segundo Kierkegaard, existem algumas experiências, à margem do ético e do religioso, que podem servir de indicação, uma delas é o desespero, outra é a ansiedade.”
vida e obra de Kierkegaard em Os Pensadores
Pensando no salto de Kierkegaard e nos meus próprios saltos que a vida me obrigou a dar e considerando ainda o último comentário da Márcia, sou levado a crer que boa parte da parafernália evangélica está montada, de fato, para forçar um salto ao inverso: fazer que por meio do desespero ou da ansiedade “o crente” pule do religioso de volta ao ético. É um salto de contra fé. É a produção em série e em massa de bons fariseus e péssimos cristãos (se é que se pode ainda assim ser denominados). Desse mal, pelo menos, os chamados “cristãos nominais” estão protegidos.