Ao ler a introdução da biografia de Rousseau na Wikipedia fica claro a birra que FS deveria ter com ele, afinal como poderia aquele suíço, nascido na Genebra de Calvino, inspirar movimentos como a Revolução Francesa, o Marxismo e o Anarquismo? FS protesta:
“Mudança titânica é esta, que expressa uma situação secularizada. A natureza devorou totalmente a graça e o que lhe foi deixado em seu lugar no “andar de cima” foi o termo `liberdade´”.
A Wikipédia chama a atenção para que
“No fundo, Jean-Jacques Rousseau revela-se um cristão rebelado, desconfiado das interpretações eclesiásticas sobre os Evangelhos. Sempre proferia uma frase: "Quantos homens entre mim e Deus!", o que atraía a ira tanto de católicos como de protestantes.”
Continuando com FS ele afirmou que
“A luta pela preservação da liberdade é sustentada por Rousseau em alto grau. Rousseau e quantos o seguem, mercê de sua literatura e arte, expressam uma decidida rejeição da civilização como o elemento que restringe a liberdade humana. Sentem a pressão no “andar inferior” do homem reduzido a simples máquina. A ciência naturalista se torna um peso muito grande – um inimigo esmagador começa-se a perder a liberdade.”
Para os calvinistas parece não existir maior ameaça à soberania divina do que a autonomia e a liberdade humanas. Mas não seriam estas justamente uma das maiores expressões da graça e soberania divinas?
O problema de Rousseau não seria tanto a opressão da natureza mecânica e determinista mas de um "deus" determinista como Chaui muito bem observou:
“se a ética exige um sujeito autônomo, a idéia de dever não introduziria a heteronomia, isto é, o domínio de nossa vontade e de nossa consciência por um poder estranho a nós? Um dos filósofos que procuraram resolver essa dificuldade foi Rousseau, no século XVIII. Para ele, a consciência moral e o sentimento do dever são inatos, são “a voz da Natureza” e o “dedo de Deus” em nossos corações.
Nascemos puros e bons, dotados de generosidade e de benevolência para com os outros. Se o dever parece ser uma imposição e uma obrigação externa, imposta por Deus aos humanos, é porque nossa bondade natural foi pervertida pela sociedade, quando esta criou a propriedade privada e os interesses privados, tornando-nos egoístas, mentirosos e destrutivos. O dever simplesmente nos força a recordar nossa natureza originária e, portanto, só em aparência é imposição exterior. Obedecendo ao dever (à lei divina inscrita em nosso coração), estamos obedecendo a nós mesmos, aos nossos sentimentos e às nossas emoções e não à nossa razão, pois esta é responsável pela sociedade egoísta e perversa."
Antes de nos voltarmos para Kant farei no próximo Post uma breve análise desta visão de Rousseau que é obviamente falha.
4 comentários:
Olá Roger, vim retribuir sua visita, gostei demais de seu blog, parabéns!!!!
Ps: Vou adicioná-lo aos meus favoritos se me permite.
Oi Eduardo,
obrigado pela visita e que bom você gostou deste Blog.
Não preciso nem responder sua solicitação pois seria um favor e honra pra mim!
Abraços,
Roger
Roger,
vim conhecer o teu espaço e agradecer a visita e audiência na PIER FM.
É óbvio que numa rápida passagem não há como comentar devidamente suas postagens. Há que se parar e refletir. É muito interessante ter um espaço para se discutir filosofia. Não passamos incólumes por Kant, Rousseau ou os socráticos. Temos que nos deter, beber da água e depois emitir opinião. Não o farei agora. Preciso de um tempo. Mas voltarei, claro.
Fiquei te devendo uma resposta objetiva sobre o amigo Rubinho.
Pois então, o convite que fiz era para uma mensagem diária, 3 a 4 minutos apenas às sete da manhã e reprisados às 19hs. Parece que nosso amigo se assustou com a possibilidade e preferiu duas ou tres vezes na semana. Ainda não definimos a periodicidade. Talvez voce e os amigos que gostam dele possam convencê-lo. Posso contar com o amigo, não?
Bem, para uma primeira visita, estou mais falante que o costume.
Fique com o meu
Forte abraço
Obrigado, Valter, pela visita.
Estaremos animando o Rubinho, na medida do possível.
É sempre um prazer ler as postagens de dele e ouví-lo também, agora.
Abraços,
Roger
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