quinta-feira, 17 de março de 2011

O Demônio das Onze Horas

“Talvez você se lembre um dos filmes de Godard, Pierrot le Fou, em que as pessoas em vez de sairem pela porta, saem pelas janelas. Mas o interessante é que eles não saem através da parede sólida. Goddard está realmente dizendo que, embora ele não tenha resposta, e ao mesmo tempo, ele não pode sair por aquela parede sólida. Esta é apenas sua expressão da dificuldade de considerar que existe um universo totalmente caótico, enquanto o mundo externo tem forma e ordem.” Francis Schaeffer

O interessante aqui, do meu ponto de vista, é o caráter provocativo e contestatário da chamada Nouvelle vague, que se ergue contra os filmes comerciais e previsíveis de então.

O que FS não enxergou é o grito por algo diferente daquela geração. Não é tudo um tratado contra a racionalidade e ordem, mas um grande ponto de interrogação frente a todas as convenções, a toda a ordem e à racionalidade de um mundo que vinha se reconstruindo após sua segunda grande guerra.

Os cineastas como Jean-Luc Godard estavam a busca de algo novo e isso só se consegue, via de regra,  via experimentação.

Embora o argumento de FS seja correto, ao afirmar que exista uma resposta “racional” para a questão antológica, não é de todo correto afirmar que possa não exista uma resposta “não racional”.

O próprio apóstolo nos lembra que se falarmos (usarmos da racionalidade) línguas mil e não tivermos amor, nada seríamos.

Uma conhecida canção evangélica nos lembra que na cruz, num gesto sem palavras, Jesus mostrou amor por nós.

E novamente a Bíblia arremata dizendo que a cruz, é escândalo e loucura, para os que se perdem.

Talvez falta-nos empatia com os que se perdem para encarnarmos essa loucura da cruz em nossas vidas e assim revelarmos a racionalidade de Cristo.