quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Deus, ciência e razão

por Lou Melo

O autor português José Rodrigues dos Santos escreveu quinhentas e setenta e quatro páginas em seu excelente livro ” A Fórmula de Deus”, que me foi presenteado pela Vilma do blog Coisas de Mim, uma das boas amizades colhidas na blogosfera, para juntar os cacos quebrados do lado da ciência e do outro, a religião e, através de uma bem concatenada aventura, com nuances de um romance muito pertinente, demonstrar alguns pontos importantes de conexão entre, Deus, ciência e razão.

Foi o falecido teólogo, autor e pastor exótico, o norte-americano Francis Schaeffer, cult dos anos setenta e oitenta com seu trabalho de discipulado de jovens estrategicamente situado nos Alps – Suiça, lugar de fácil acesso a qualquer um de nós, jovens na época, quem defendeu e escreveu A Morte da Razão, onde, em exaustivas noventa e quatro páginas, ele buscou levar todos para o lado do espírito ou espiritual, insinuando a impossibilidade das forças do universo caminharem juntas. Na última página do meu exemplar desse livro você lerá, escrito a lápis, com a minha letra, “O autor não cumpriu sua proposição”. O filho dele, herdou esse legado e está condenado a gastar sua vida justificando seu pai imprudente. Mas ele não é o primeiro, Jesus Cristo fez a mesma coisa, muito tempo antes.

Sei que os privilegiados discípulos do Francis viveram uma experiência espiritual incomum lá no L’Abri. Pena que papai não estava em condições de pagar uma temporadazinha minha naquele paraiso, caso contrário, eu teria estado junto com ele, também, provavelmente. Isso poderia ter evitado esse post. Nem por isso, conseguiram anular a razão.

Deus, em sua imprudente falta de espiritualidade, enviou sinais de conectividade com seu Filho, inequívocos, durante a cena da crucificação. Quem esteve lá, jura ter visto a maior incidência de raios e trovões que se tem notícia. Segundo alguns, foi um dia horroroso, algo para se esquecer. Isso me faz lembrar o Tsunami na Ásia, alguns anos passados, onde estava a Marie, uma ex-aluna do Ginásio Vocacional que encontrei trabalhando com o Daniel Fresnot na Casa Taiguara. Naquele dia, Deus, ciência e razão deram-se as mãos e deixaram milhares de pessoas perceberem o quanto esses fenômenos andam irmanados. Fosse Deus, um lado oposto à razão, ele repreenderia ventos e mares, salvando todas aquelas vidas perdidas naquele horror.

Schaeffer, mesmo tendo sido um velhinho danado de simpático, estava errado. Não me admiro ao ver seu filho Franky e o bom pessoal da editora W4 lançando o livro “Viciados em Mediocridade” que eu li em inglês, coincidentemente, quando estava na Europa, em 1994. Não sou psicólogo, mas desconfio da herança genética do Franky. Toda essa história tem seus nuances filosóficos e um medo que rondou católicos e protestantes com o movimento dos existencialistas, particularmente os franceses. Sartre e Camus bagunçaram o coreto imperialista do norte ao estremecer um dos principais pilares desse demônio: a igreja e seu dogma. O fato é que a peste chegou até nós e fomos todos contaminados. Pior é viver nessa inglória luta tentando separar o joio do trigo. Afinal, há um fundo de verdade em tudo isso. Caso contrário, o novo Big Bang resolverá nosso probleminha.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Oito anos mais tarde

books Interessante que ´A Morte da Razão` foi publicado em 1968 e oito anos mais tarde em 1976 foi publicado ´Então como viveremos`, neste FS não é bairrista como foi naquele e detalha melhor seu ponto de vista sobre a influência do cristianimo na ciência moderna sem desmerecer outras correntes religiosas ou épocas.

Schaeffer argumenta principalmente que o cristianismo ao apontar um Deus criador que é o princípio e a causa de tudo possibilita uma ciência que vai a fundo ao pesquisar a natureza pois estaria baseado na idéia que existe uma "mente" criadora que organizou tudo sob uma lógica, de causa e efeito que poderia ser conhecida e aprendida pela humanidade.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A ciência moderna

O que é a ciência moderna?

Ele só teve início após a reforma?

Em que a ciência moderna se difere da ciência?

Mais uma vez os argumentos de Schaeffer me parecem bem tendenciosos...

O cristianismo outorga  certeza da realidade objetiva e de causa e efeito, certeza suficientemente sólida para que sobre ela se assente o fundamento do saber.”

O meu ponto é: FS está correto em suas afirmações em si. A ciência depende da fé! E vice versa. Todavia em outras culturas religiosas aparecem elementos verdadeiros de fé que proporcionaram condições para o desenvolvimento das ciências.

Sem dúvida que outras culturas religiosas frearam o desenvolvimento das ciências, mas isso o cristianismo também fez!

Enfim temos que ser menos parcial e sabermos valorizar outras culturas sem o bairrismo evangelicalês.

Foto: J. Robert Oppenheimer, segundo FS ele afirmou que o Cristianismo era necessário para dar origem à ciência moderna[1].



[1] “On Science and Culture” (Sobre Ciência e Cultura), em ENCOUNTER (Encontro), Outubro de 1962.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Nada há autônomo

image" Nada há autônomo – nada à parte do soberano senhorio de Jesus Cristo e da autoridade das Escrituras. Deus fez o homem todo e está interessado no homem todo, e o resultado é uma unidade. Desta forma, ao mesmo tempo em que se processava o nascimento do homem moderno na Renascença, a Reforma dava a única resposta adequada ao dilema humano. Em contraste, o dualismo no homem renascentista trouxe à tona as modernas formas de Humanismo, com as misérias e sofrimentos do homem moderno." - Francis Schaeffer

Existem não poucos problemas nessa afirmação de FS, principalmente se levada aos extremos:

  1. Deus deu ao homem autonomia moral, após a queda, e após a redenção. Ainda somos livres para escolher entre o bem e o mal. O perigo de se pensar que somos máquinas se encontra tanto no behaviorismo como no calvinismo, se encarados de forma extrema.
  2. A tônica dada por FS ao ensino do homem integral é corretíssima, mas pensar que isso era uma patente dos reformadores pode ser muito perigoso.
  3. Também é perigoso pensar que a Reforma conseguiu superar o problema do dualismo, que aparece de forma explícita na Bíblia.

Assim continuo a me perguntar o que isso tudo teria a ver com as misérias do homem moderno. Ainda que eu seja um protestante, não consigo encarar as coisas como Schaeffer, o qual me parece muito tendencioso, até mesmo para sua época.

domingo, 9 de novembro de 2008

Quarenta livros que fizeram a cabeça dos evangélicos brasileiros nos últimos quarenta anos

Gostariade pimeiramente destacar o comentário feito por aquele autor sobre "A Morte da Razão" que aparece em sétimo lugar em ordem de importância:

7. “A Morte da Razão” -- Francis Schaeffer [ABU]
A intelectualidade evangélica adotou este livro como alicerce nos anos 70, para enfrentar o existencialismo, o movimento “hippie”, o marxismo e a contracultura em geral. O livro convencia que o cristianismo não era incompatível com o estudo e a reflexão. É um pena que Schaeffer estivesse tão equivocado em suas idéias centrais.

Baseado nesta listagem e na sugestão do autor, "divirta-se concordando ou discordando, corrigindo meus equívocos e fazendo sua própria lista", quero insentivá-lo a participar das enquetes ao lado e se possível deixar seus comentários, qual livro você acrescentaria, qual tiraria ou se você mudaria a ordem de algum.

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Vai aí então a listagem completa dos quarentas livros:

Extraído de Ultimato Edição 315 

image1. “Mananciais no Deserto” -- Lettie Cowman [Betânia]
Não há outro livro mais amado pelos evangélicos brasileiros. Este campeão de vendagem é um livro de leituras devocionais diárias que conquistou nosso país. O livro é, de fato, bom, mas desconfio que a tradução deu uma mãozinha.

image2. “Uma Igreja com Propósitos” -- Rick Warren [Vida]
O maior “best-seller” evangélico de todos os tempos é uma catástrofe literária. É ainda difícil calcular o dano que esta obra equivocada causou e ainda irá causar, com sua filosofia de ministério inteiramente vendida ao “Zeitgeist”, propondo a homogeneização das igrejas e um pragmatismo de dar medo.
image3. “A Quarta Dimensão” -- David Paul Yonggi Cho [Vida]
Este livro fez mais pelo movimento pentecostal no Brasil do que qualquer televangelista. O testemunho bem escrito do pastor coreano que vive cercado de milagres causou “frisson” até mesmo nos grupos mais conservadores. Seu modo de ver a vida com Deus e o ministério marcaram as últimas décadas.
image4. “A Agonia do Grande Planeta Terra” -- Hall Lindsay [Mundo Cristão]
Calcado no pré-milenismo dispensacionalista de Scofield, este “best-seller” apocalíptico empolgou os profetas do fim do mundo no Brasil, com sua interpretação literalista imprudente e seu patriotismo norte-americano acrítico. Lindsay foi o arauto de três décadas das mais absurdas especulações escatológicas em nossas igrejas.
image5. “O Ato Conjugal” -- Tim e Beverly La Haye [Betânia]
Sexo é um assunto importante, e o povo ansiava por uma orientação em face da revolução sexual dos anos 60. Daí o sucesso de um livro bem escrito como este, didático e conservador, ao gosto da moral evangélica, mas sem ser inteiramente obtuso. Mesmo assim, muitos o chamaram de pornográfico. Nada mais injusto.
image6. “Este Mundo Tenebroso” -- Frank Peretti [Vida]
A ficção convence mais rápido. Revoluções acontecem inspiradas por romances, e não por tratados filosóficos. Peretti, com seu horror cristão, nos ensinou o significado da batalha espiritual nos anos 80, reencantou o submundo evangélico, inspirou pregadores e, o que não é nada ruim, motivou muitos adolescentes a ler obras de ficção bem melhores.
image7. “A Morte da Razão” -- Francis Schaeffer [ABU]
A intelectualidade evangélica adotou este livro como alicerce nos anos 70, para enfrentar o existencialismo, o movimento “hippie”, o marxismo e a contracultura em geral. O livro convencia que o cristianismo não era incompatível com o estudo e a reflexão. É um pena que Schaeffer estivesse tão equivocado em suas idéias centrais.
image8. “Celebração da Disciplina” -- Richard J. Foster [Vida]
Este clássico da espiritualidade cristã, escrito por um quacre, fez um tremendo sucesso no Brasil a partir dos anos 80. É excelente, mas será que todos que o compraram de fato o leram? Gostaria de perceber uma maior influência das idéias de Foster em nosso povo, mais oração, silêncio, calma, estudo, empenho, enfim, disciplina espiritual.
image9. “De Dentro para Fora” -- Larry Crabb [Betânia]
Os livros devocionais evangélicos de viés psicológico ou de auto-ajuda são os títulos que mais vendem. Dentre eles, alguns se destacam não só por serem campeões de vendagem, mas porque são os melhores do gênero. Crabb é o melhor autor do gênero e este é seu melhor livro, que impactou o nosso povo nos anos 90.
image10. “Louvor que Liberta” -- Merlin R. Carothers [Betânia]
Este pequeno e poderoso manifesto em forma de testemunho revolucionou, nos anos 70, o louvor e a adoração no Brasil. O bom capelão ensinou a todos nós a espiritualidade da adoração, o poder do louvor, impulsionando as guerras litúrgicas que marcariam a vida de nossas comunidades a partir de então.
image11. “Vivendo sem Máscaras” -- Charles Swindoll [Betânia]
Outro “best-seller” devocional dos anos 90, de viés psicológico e de auto-ajuda, com o vigor característico das obras de Swindoll, escritas a partir de suas pregações. Muitos se sentiram não apenas edificados, mas tocados e transformados.
image12. “A Cruz e o Punhal” -- David Wilkerson [Betânia]
Outro opúsculo dos anos 70 que, na forma de um testemunho pessoal, inspirou os jovens evangélicos a uma fé mais comprometida. Curiosamente, não levou as igrejas a um investimento em missões urbanas, idéia que permeia todo o livro. Talvez o Brasil evangélico dos anos 70 não estivesse pronto para missões urbanas.
image13. “Crer é Também Pensar” -- John Stott [ABU]
Stott é um ícone no Brasil, um nome respeitado pela sua erudição e sua notável produção literária, apesar de estar invariavelmente sob suspeita de heresia pelos mais neuróticos. O fato é que a qualidade de seus livros varia. Seu excelente “Ouça o Espírito, Ouça o Mundo” merece mais atenção. Já o opúsculo selecionado, tão conhecido desde os anos 70, não tem muito a dizer além do título.
image14. “O Senhor do Impossível” -- Lloyd John Ogilvie [Vida]
Outro devocional que emplacou no Brasil nos anos 80, não sem méritos. É o maior sucesso do autor, ainda que inferior a “Quando Deus Pensou em Você”, que o antecedeu. O livro estimula a fé e nos faz mais esperançosos, apesar da teologia rasa.
image15. “A Família do Cristão” -- Larry Christenson [Betânia]
Antes de Dobson e tantos outros, Christenson já era “best-seller” nos anos 70. Pioneiro entre os que se pretendem auxiliares da vida familiar cristã, ele foi estudado nos lares por grupos e células, em escolas dominicais etc. Sua eficácia é comprovada.
image16. “O Jesus que Eu Nunca Conheci” -- Philip Yancey [Vida]
Os anos 90 assistiram ao aparecimento de um dos mais argutos e estimulantes autores evangélicos de todos os tempos: o audaz Yancey, que começou a apontar para o paradigma emergente em livros como “Alma Sobrevivente”, “Descobrindo Deus nos Lugares mais Inesperados”, “Maravilhosa Graça”, “Rumores de Outro Mundo”, “Decepcionado com Deus” e tantos outros livros excelentes. E o mais conhecido e lido parece ser mesmo “O Jesus que Eu Nunca Conheci”.
image17. “O Discípulo” -- Juan Carlos Ortiz [Betânia]
Poucos livros foram tão impactantes nos anos 70 quanto esta obra que, excepcionalmente, não vinha do mundo anglo-saxão, mas da Argentina. Por isso mesmo, Ortiz tinha uma outra linguagem, um discurso que convencia os jovens brasileiros da seriedade e do valor de se tornar mais do que um mero freqüentador de igrejas, um genuíno discípulo de Cristo.
image18. “Bom Dia, Espírito Santo” -- Benny Hinn [Bompastor]
O neopentecostalismo brasileiro é, em grande parte, de inspiração norte-americana. Talvez o nome mais importante nesse processo seja o do “showman” evangélico Benny Hinn, que desde os anos 90 assombra os norte-americanos pela televisão com seus feitos espetaculares. Mesmo quem não o leu conhece sua influência no Brasil.
image19. “O Refúgio Secreto” -- Corrie Ten Boom [Betânia]
O testemunho desta nobre senhora holandesa encantou também o Brasil, onde seu livro foi um grande sucesso nos anos 70. Suas aventuras durante a Segunda Guerra Mundial, sob o pano de fundo de sua educação em um lar cristão, são comoventes e inspiradoras.
image20. “A Autoridade do Crente” -- Kenneth Hagin [Infinita]
Hagin foi um divisor de águas no mundo evangélico, pois desde sua influência os crentes “tomam posse”, “determinam”, “amarram” e “exigem”. Uma nova forma de falar se fez presente, o que gerou muitas novas piadas também.
image21. “Entendes o que Lês?” -- Fee e Stuart [Vida Nova]
Que bom que um livro sério como este foi tão lido e estudado no Brasil. Trata-se de um compêndio de hermenêutica bíblica sem complicações, em linguagem acessível, adotado por quase todos os seminários e estudado até mesmo nas EBD’s e pequenos grupos. Este livro fez muito pela educação bíblica dos evangélicos brasileiros.
image22. “Culpa e Graça” -- Paul Tournier [ABU]
Não há, com raras exceções, psicólogo cristão que não considere este livro um fundamento e um marco do pensamento cristão. Mas ele não se limita a isso, tendo tido considerável influência na teologia evangélica brasileira nos anos 90, preparando nosso povo para o paradigma emergente do século 21.
image23. “Novos Líderes para Uma Nova Realidade” -- Caio Fábio D’Araújo Filho [Vinde]
Este opúsculo foi, se não o mais lido, certamente o mais importante dos numerosos livrinhos do pastor Caio Fábio, fenômeno de popularidade no Brasil nos anos 80 e 90, pastor midiático, influente, contundente, imitado, adorado e odiado. Caio nos ensinou a ver as coisas de outro jeito, e seu legado não vai desaparecer.
image24. “Vida Cristã Normal” (ou “Equilibrada”, na reedição) -- Watchman Nee [Editora dos Clássicos]
O controverso evangelista e autor chinês Nee teve muita influência nos anos 70 e 80, com sua visão mística do que significa ser um cristão evangélico conservador. Este livro foi seu maior sucesso, um comentário de Romanos, ainda que seu livro mais objetivo e claro seja “A Liberação do Espírito”.
image25. “É Proibido” -- Ricardo Gondim [Mundo Cristão]
Gondim é um dos melhores e mais polêmicos autores evangélicos contemporâneos. Seus livros, como Eu Creio, Mas Tenho Dúvidas, O que os Evangélicos (Não) Falam, Orgulho de Ser Evangélico, são sempre interessantes. Nenhum, porém, foi tão influente e marcante como “É Proibido”, um verdadeiro libelo anti-legalista.

26. “Conselheiro Capaz” -- Jay Adams [Fiel]
Adams era uma pessoa muito simpática. Sua escola de aconselhamento cristão é muito antipática. Diferentemente de Crabb, por exemplo, problemas emocionais têm origem fisiológica ou pecaminosa. Por isso, é preciso confrontar as pessoas e insistir na mudança do seu comportamento. Foi um sucesso nos anos 80. Haja behaviorismo!

27. “Quebrando Paradigmas” -- Ed René Kivitz [Abba Press]
Este livro foi decisivo para que os evangélicos brasileiros começassem a enxergar a outra margem do rio, a margem pós-evangélica do paradigma emergente. Kivitz é um autor surpreendente e notável, de mente dinâmica e arejada, que propõe importantes rupturas e renovações, como em seu outro livro “Outra Espiritualidade”.
image 28. “O Amor Tem Que Ser Firme” -- James Dobson [Mundo Cristão]
O conhecido “Dr. Dobson” é pensador e autor de grandes qualidades e grandes defeitos. Seus livros, como “Educando Crianças Geniosas”, ajudam famílias e promovem uma espécie de teologia aplicada que merece atenção. Há, porém, muito que não se deveria levar a sério, já que vai contra o que há de mais consagrado na psicologia moderna.
image 29. “Supercrentes” -- Paulo Romeiro [Mundo Cristão]
O autor de “A Crise Evangélica” tem talento e tem algo a dizer. Seus textos, especialmente o famosos “Supercrentes”, têm apontado para os exageros e enganos de muitas posturas comuns no meio evangélico contemporâneo.

30. “Cristianismo e Política” -- Robinson Cavalcanti [Ultimato]
Trata-se de um clássico. Este livro está nas origens de toda reflexão política evangélica. Robinson é importante por outras questões, como seus livros sobre sexualidade (“Uma Bênção Chamada Sexo”, “Sexualidade e Libertação”), mas sua contribuição permanente é o estímulo que deu à reflexão política evangélica.
image 31. “O Evangelho Maltrapilho” -- Brennan Manning [Mundo Cristão]
Não há outro autor mais importante no meio evangélico nos últimos dez anos do que Brennan Manning. Seus livros devocionais, como “O Impostor que Vive em Mim”, “A Assinatura de Jesus”, “O Obstinado Amor de Deus”, estão transformando radicalmente a maneira como os evangélicos entendem a vida cristã. Eu fico muito grato.
image 32. “O Pastor Desnecessário” -- Eugene Peterson [Mundo Cristão]
Peterson é muito estimado no meio evangélico brasileiro e um dos autores mais bem avaliados dos últimos tempos. Responsável por projetos como “The Message” (excelente paráfrase bíblica), tem nos galardoado com obras como “Corra com os Cavalos”, “A Oração que Deus Ouve”, “A Vocação Espiritual do Pastor”, “Transpondo Muralhas”, entre outros. Selecionei o que talvez seja o mais importante.
image 33. “Poder Através da Oração” -- E. M. Bounds [Batista Regular]
Nos anos 70, quando não havia ainda bons livros sobre oração, como o de Richard Foster ou o de Eugene Peterson, os livros de Bounds sobre oração circulavam de mão em mão, trazendo avivamento às igrejas. Hoje Bounds está quase esquecido. Quase.
image34. “Cristo é o Senhor” -- Dionísio Pape [ABU]
No fim dos anos 60 e começo dos anos 70, o nome de Pape se destacava pela espiritualidade, profundidade e sucesso ministerial. Seu opúsculo “Cristo é o Senhor” levou muitos à consagração e ao ministério.
image 35. “O Caminho do Coração” -- Ricardo Barbosa [Encontro]
Barbosa (junto com Osmar Ludovico, James Houston e outros) é responsável pelo retorno ao interesse pela mística cristã em nosso país. Seus livros nos ensinam uma outra atitude não somente em relação à vida, mas também em relação à teologia. Uma atitude contemplativa.
image 36. “O Novo Testamento Interpretado” -- R. N. Champlin [Hagnos]
Não privilegiei obras teológicas e comentários bíblicos nesta lista porque tais livros, em geral, não vendem bem e sua influência é pequena. Uma exceção precisava ser feita em relação ao favorito das bibliotecas. O empenho exaustivo de Champlin precisava ser lembrado, pois ainda vende bem e é o comentário primordial dos evangélicos.

37. “Icabode” -- Rubem Martins Amorese [Ultimato]
Este livro pode não ter sido tão lido quanto é citado, mas definiu um novo tipo de reflexão cristã no Brasil, que propõe diálogo com a cultura em outro nível que não o da evangelização, e sim o da discussão de valores e princípios que podem levar nossa sociedade para um patamar melhor ou pior. É uma boa influência.
image 38. “A Bíblia e o Futuro” -- Anthony Hoekema [Cultura Cristã]
Este estudo do Apocalipse cresceu em importância no Brasil em uma época em que quase não havia obra que fizesse uma defesa do amilenismo, apesar dos pouco conhecidos esforços de Harald Schally. O livro provocou conversões em massa a partir dos anos 80, e a escatologia nunca mais foi a mesma no Brasil.
image 39. “Cristianismo Puro e Simples” -- C. S. Lewis [Martins Fontes]
Também conhecido como “Mero Cristianismo”, a busca de Lewis pelo denominador comum da fé cristã impacta brasileiros desde os anos 70. Seleciono o livro simbolicamente, já que Lewis não poderia ficar de fora, seja por causa de “Os Quatro Amores”, “Milagres”, “Cartas do Inferno” ou “As Crônicas de Nárnia”.
image 40. “A Mensagem Secreta de Jesus” -- Brian D. McLaren [Thomas Nelson]
Em 2007 o leitor evangélico brasileiro foi surpreendido por este livro do mesmo autor de “Uma Ortodoxia Generosa”. Fiquei admirado ao ver como todos passaram a conhecer e a comentar a obra de McLaren, que representa melhor do que ninguém o paradigma teológico evangélico emergente. Não dá pra não ler.

Ricardo Quadros Gouvêa é ministro presbiteriano e professor de teologia e de filosofia.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A Reforma e o Homem

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Conhecemos, pois, algo deslumbrante a respeito do homem. Entre outras coisas, conhecemos a sua origem e quem ele é – criado à imagem de Deus. É o homem maravilhoso não apenas quando é “nascido de novo” como um cristão, é também maravilhoso como o fez Deus a Sua própria imagem. Tem o homem valor e dignidade em função daquilo que foi originalmente, antes da Queda.”

FS está corretíssimo, entretanto independente se alguém tem esse conhecimento bíblico, ou não, o homem permanece sendo o que ele sempre foi e é. Não é a reforma que resgata isso no homem. A reveleção bíblica trás uma informação adicional e importante, mas não a única válida.

“Não podemos tratar as pessoas como seres humanos, não podemos vê-las no alto nível da verdadeira humanidade, a menos que conheçamos realmente a sua origem – quem são. Deus diz ao homem quem ele é. Deus nos declara que Ele criou o homem à própria imagem. Portanto, o ser humano é algo maravilhoso.”

Aqui há um grande exagero de FS que é um contrasenso. Pois Jesus mostra justamente o contrário na Parábola do Bom Samaritano. Aqueles que detinham a revelação de quem é o homem o deixou à beira do caminho semi morto. E o que estava à margem da religião tratou de socorrê-lo. Por quê? Acho que não foi por razões metafísicas, talvez por questão de ética... ou simplesmente por amor.

Figura: Vincent van Gogh, O bom Samaritano

sábado, 1 de novembro de 2008

Vendo: ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

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Vou fazer mais um desvio de rota em nossa leitura d'A Morte da Razão para falar de algo que FS fez ao longo de todo o seu livro: interpretar obras culturais. Talvez seja esse o principal e grande valor desta e de outras obras de Schaeffer, nos incentivar a não fugir do mundo, mas penetrá-los com os olhos da fé. E assim fui ao cinema ontem ver Ensaio sobre cegueira.

A história anterior ao filme, que é minha, diz respeito a assistir a um filme de um diretor brasileiro de sucesso em um país estrangeiro. Em uma jogada de Marketing o filme foi traduzido aqui como “Cidade dos Cegos” fazendo assim uma ligação a outro sucesso do cineasta, Fernando Meireles, “Cidade de Deus”.

A cegueira não é algo totalmente alheio ao meu mundo graças à Dona Aurora. Ela era uma assistida SSVP – Sociedade São Vicente de Paula, da qual fui membro na minha infância. Dona Aurora era uma cega do bairro, que tive o prazer de assisti-la por um longo tempo e conviver com seu cotidiano. Algumas vezes a acompanhava levando-a e buscando-a para as missas dominicais.

Um terceiro fato curioso, anterior ao filme, foi a chegada inesperada de uma mulher na sala. Eu e o Rodolfo esperávamos o filme começar e ela chegou para procurar um anel perdido. Naquele chão escuro do cinema ficamos a tentar, como cegos, achar o bendito anel. Enfim alguém apareceu com uma mini lanterna e ela encontrou seu anel. Depois o filme começou.

Já sabia que Saramago é ateu. E graças às meditações sobre natureza e graça, fornecida por Francis Schaeffer, já estava pronto para apreciar aquela obra com mais cautela.

Gostei do filme e recomendo! Há cenas que me chocaram. Há nudez não artística que Pedro Cardoso certamente julgaria desnecessária. Há, porém, nudez artística.

De alguma forma o filme é belo, graças a duas ou três cenas emocionantes que resgatam todo o drama do enredo: a beleza da música para o cego, o sabor da chuva e outras que não contarei para não estragar a emoção de quem ainda verá o filme.

Como os outros dois filmes de sucesso de Meireles, esse é um filme que denuncia o mal, e não economiza técnica artística para isso. Como nos outros filmes, ele mostra que mesmo assim há esperança e o bem de alguma forma vence, apesar do estrago feito pela maldade.

A cegueira é uma ótima figura para ilustrar a queda do homem e no filme ela funciona como um catalisador da maldade, para mostrar a verdadeira face da humanidade caída. Não é à toa que o Evangelho nos presenteia algumas vezes com Jesus tratando deste assunto e em outros com Ele curando cegos.

No filme há a mulher do médico, a única que enxerga e carrega a carga dos cegos. Não seria essa a situação dos cristãos ou da igreja? Porém aquela mulher (segundo Saramago) está carregada do seu ceticismo. Enquanto que a mulher do primeiro cego, que é também cega, mantém a sua fé.

“Só Deus nos vê, disse a mulher do primeiro cego, que, apesar dos desenganos e das contrariedades, mantém firme a crença de que Deus não é cego, ao que a mulher do médico respondeu: Nem mesmo ele. O céu está tapado, só eu posso ver-vos, Estou feia.”